Baú de Memórias | "Você tem um jeito meigo e um sorriso encantador", diz um trecho
Em um tempo não muito distante, as pessoas escreviam bilhetinhos umas às outras. E confesso que sinto saudade. Eu, por exemplo, tenho uma caixinha cheia de cartinhas que recebi dos anos 90 até final de 2013. E de vez em quando abro, leio e mergulho na nostalgia. Hoje vou comentar sobre uma que recebi e fiz uma grande desfeita.
O ano era 2003, estava na escola, cursava o ensino médio, e alguns colegas resolveram fazer um tal de jornal contando as fofocas dos alunos. Eu morria de medo de virar capa, afinal eu sofria um bullying pesado e até mesmo respirar profundo poderia ser um novo motivo para um ataque. Mas nesse dia tive uma surpresa, no jornal não havia nada sobre mim, mas a tal “editora” tinha uma mensagem pra mim: essa cartinha que está no centro da imagem.
Ela anunciou que precisava falar na frente de todos. Eu me tremia por dentro. De fato, esperava o pior pela situação, quando ela resolveu se declarar pra mim. Se dizia apaixonada e queria ficar comigo. Calejado de tanta perturbação psicológica entre os colegas, a única reação que tive foi explodir.
– Eu não quero saber de nada! – falei, rasgando em pedacinhos o bilhete e jogando na lata de lixo sem mesmo ler.
É óbvio que a zoação também chegou ao extremo. Gargalhadas, gritaria, bolinhas de papel na minha cabeça. Mas eu já estava acostumado. Eis que espero todos saírem da sala... e minha curiosidade que não é flor que se cheire entrou em ação. Peguei os pedaços, levei pra casa e colei tudinho com durex. 😊
Pois bem, guardo há mais de 20 anos esse bilhetinho fofo. A vida fez com que nos distanciássemos, mas sempre a acompanho pelas redes sociais. Hoje ela é casada, tem um filho lindo e parece estar muito bem. E isso me deixa feliz. Gosto de ler esse e todos os outros bilhetes pra lembrar do quanto uma amizade é importante na nossa história.
E por favor, voltem a me dar bilhetinhos escritos. Tire um tempinho no dia e escreva pra mim ou a outro amigo. As vezes faz a maior diferença no dia das pessoas. Amanhã também pode ser que as curtidas e os comentários nas redes sociais sumam. E aí, como recordar? Afinal, algumas palavras, por mais afetivas que sejam, somem da nossa memória com o tempo. Deixe a recordação viva nas linhas! 📝🍀💚
A carta diz o seguinte: “Richard, eu gosto muito de você, não paro de pensar em você. O dia inteiro e você nem dá bola para mim. Sei que gosta de alguém, já perdi a esperança que seja eu… Eu gosto muito da rua amizade e não quero perdê-la. Você tem um jeito meigo e um sorriso encantador”.
■ Por Richard Günter
Jornalista, pós-graduado em Roteiro Audiovisual e graduando de Cinema
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