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Crônica: Um café e uma história matinal

"Esse pequeno gesto matinal me faz pensar nas pessoas que encontramos todos os dias. Pessoas que, sem saber, acabam conhecendo um pedaço íntimo da gente"


Um café e uma história matinal

Todo dia é a mesma rotina, mas com um toque especial. Meu despertar não é marcado pelo alarme do celular, mas sim pela ansiedade de dar um pulo naquela cafeteria na esquina de casa, bem na Praça Saens Peña, coração do bairro da Tijuca. Não é só um lugar qualquer, é o cenário onde começo meu dia, é o meu pedacinho de mundo.

 

Nos primeiros dias, eu era apenas mais um cliente, daqueles que chegam meio sonolentos, pedindo um café meio no automático. "Uma média com pão na chapa, por favor", eu dizia, ainda tentando despertar totalmente. Mas aí, o tempo foi passando, e aquela cafeteria se tornou mais do que um ponto de parada; virou um pedaço da minha rotina, um capítulo diário na minha vida.

 

Agora, não sou eu quem faz o pedido. A atendente, com um sorriso que já conheço bem, me recebe com a pergunta de sempre: "Uma média com pão na chapa?". Ela já sabe, ela lembra. E isso, pra mim, tem um valor que não dá pra medir.

 

Esse pequeno gesto matinal me faz pensar nas pessoas que encontramos todos os dias. Pessoas que, sem saber, acabam conhecendo um pedaço íntimo da gente. Elas não sabem dos nossos problemas, das nossas conquistas, das noites mal dormidas ou dos dias de alegria, mas conhecem aquele nosso pequeno hábito, aquela nossa preferência simples, mas tão nossa.

 

É engraçado como a vida funciona, não é? A gente passa por tantas pessoas, tantos rostos, tantas histórias. E, às vezes, são esses pequenos momentos, essas pequenas trocas, que marcam a gente. A atendente da cafeteria, por exemplo, talvez nem imagine o quanto aquele "bom dia" acompanhado de um café feito do jeito que gosto faz diferença para mim.

 

Ela, na simplicidade do seu trabalho, prepara não só o meu café da manhã, mas também um momento de aconchego no meu dia. Porque, vamos combinar, café da manhã é aquela refeição que tem um gostinho especial, né? E o dela, preparado com aquela mistura de rotina e carinho, é, sem dúvida, o meu favorito.

 

Então, fica aqui a minha reflexão e gratidão. Às vezes, a gente nem percebe, mas são esses encontros diários, esses pequenos gestos, que fazem a diferença na correria da vida. E, no meu caso, tudo começa com um café na esquina de casa, onde uma simples pergunta já traz um sorriso para o meu dia. É assim que começo minha jornada, todos os dias, no coração da Tijuca.

 

■ Por Richard Günter

Jornalista, pós-graduado em roteiro audiovisual e graduando de cinema.

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