"A variedade para quem tem fetiche por pés é imensa. Tem quem goste do formato, quem prefira o cheiro, e até quem se encante pelos dedos. Alguns são apaixonados pelas solas, outros adoram chupar o dedão"
Quem diria que aquela parte do corpo que muitos escondem em sapatos poderia ser objeto de tanto fascínio? Sim, estou falando dos pés, esses carismáticos membros que carregam histórias, segredos e, para alguns, um charme irresistível.
Você já se pegou admirando um par de pés alheios e sentindo um frisson? Não se acanhe, você não está sozinho nessa! Há quem diga que a beleza está nos olhos de quem vê, mas para os podólatras, está definitivamente nos pés. A simples visão de um arco bem desenhado ou dedos alinhados pode ser o suficiente para acelerar o coração de um verdadeiro entusiasta.
Andar pelas ruas pode ser uma verdadeira aventura para os podólatras. Cada esquina é uma passarela, cada par de chinelos uma nova descoberta. Em meio ao vai e vem das pessoas, um olhar atento pode encontrar verdadeiras obras de arte em movimento. E, claro, sempre com aquele toque de humor: "olha lá, um dedão fugitivo da sandália!"
Quando entro no metrô em dias quentes, especialmente aqueles que prometem uma ida à praia, encontro-me numa situação curiosa. Fico visivelmente desconcentrado, quase hipnotizado. É que nesses dias, o vagão se transforma em um verdadeiro desfile de pés masculinos à mostra. Sandálias, chinelos, e até pés descalços criam um cenário repleto de atração para mim. Cada par de pés revela uma história diferente, e eu me pego observando, às vezes até sem perceber, a variedade e a beleza desses pés tão despojados. Esses momentos são uma distração inesperada, um pequeno prazer visual que torna a viagem de metrô uma experiência bem mais interessante e, confesso, um tanto instigante.
Já no mundo virtual, o Instagram se transforma em um verdadeiro festival de pés. Navegar pelas hashtags é como entrar em uma galeria de arte dedicada exclusivamente aos amantes de pés. Há quem perca horas nessa busca, admirando cada detalhe, cada curva, cada unha bem-feita. É o mundo moderno servindo de palco para antigas paixões.
E por falar em paixões, a curiosidade pelos pés dos famosos é um capítulo à parte (Oi, Murilo Benício!). Como será que são os pés daquele ator famoso ou daquele jogador de futebol? A imaginação corre solta, alimentando fantasias e conversas divertidas entre amigos: "Será que a celebridade X também tem joanete?".
Curiosamente, o fascínio pelos pés já encontrou seu espaço nas telas da TV, especialmente nas novelas brasileiras, que são um espelho das nuances culturais e dos temas sociais mais diversos. Um exemplo icônico é a novela "Fina Estampa", onde o personagem Crô, vivido brilhantemente por Marcelo Serrado, tinha uma fixação pelos pés misteriosos de seu amado, uma identidade que se manteve oculta até o último capítulo, gerando expectativa e curiosidade nos telespectadores. E mais recentemente, no remake da novela "Pantanal", as cenas quentes entre Levi e Maria Bruaca deram o que falar nas redes sociais. Essas representações na mídia trazem à tona discussões sobre sexualidade, que muitas vezes são envoltas em tabus e preconceitos. Ao abordar a podolatria de maneira aberta e até mesmo sensual, as novelas contribuem para a normalização e compreensão de que o desejo e atração podem se manifestar de formas diversas e surpreendentes. É interessante ver como essas tramas televisivas refletem e, ao mesmo tempo, influenciam a percepção pública sobre temas tão pessoais e íntimos quanto os fetiches.
No mundo dos negócios, o "pack do pezinho" virou uma verdadeira febre. Pessoas ao redor do mundo vendem fotos de seus pés, atendendo aos mais diversos gostos. De pés alvos e delicados a pés robustos e aventureiros, há um mercado florescente para quem sabe valorizar essa parte tão especial do corpo.
Falando em gosto, a variedade no mundo dos podólatras é imensa. Tem quem goste do formato, quem prefira o cheiro, e até quem se encante pelos dedos. Alguns são apaixonados pelas solas, outros adoram chupar o dedão. Há quem ame ser pisado e quem não resista a um pé com meias. E, claro, os aficionados por calçados, que veem em cada sapato uma moldura perfeita para a obra de arte que é o pé.
Mas nem tudo são flores no mundo dos pés. É preciso falar das cócegas: o dilema dos pés sensíveis. Há aqueles que, por mais que queiram, não conseguem superar o desafio. Imagine a cena: um momento íntimo, tudo indo bem, até que... cócegas! A risada é garantida, mas a frustração também pode ser real.
Confesso que, na minha jornada amorosa, o filtro das escolhas muitas vezes passa pelo crivo do pezinho. Sim, é verdade! Se o pezinho não me agrada, as chances de um segundo encontro diminuem consideravelmente. Pode parecer superficial para alguns, mas para mim, é um critério importante. E olha, nunca tive um namorado com pés que eu considerasse feios. É quase uma regra não escrita no meu livro de romance. Cada vez que conheço alguém novo, meus olhos involuntariamente buscam aquele vislumbre dos pés, e a partir daí, muitas vezes, já sei se vai dar certo ou não [Risos]. É um jeito peculiar de avaliar compatibilidade, eu sei, mas todos temos nossas manias, não é mesmo?
Os pés, assim como as pessoas, vêm em todos os formatos e tamanhos. Temos o pé egípcio, com o dedão mais longo, o romano com sua linha reta, o grego com o segundo dedo proeminente, o alemão mais quadrado, e o céltico, um mistério de formas. Cada um com sua beleza e singularidade.
É curioso pensar que, em meio a tantas partes do corpo para se apreciar, os pés se destaquem tanto. Talvez seja sua simplicidade aparente que esconde uma complexidade fascinante, ou talvez seja justamente a sua singularidade que cativa. O fato é que, em um mundo onde a beleza é frequentemente associada ao óbvio, os pés se destacam como um lembrete de que o encanto muitas vezes reside nos detalhes menos esperados.
E por outro lado, temos aqueles que torcem o nariz só de pensar em pés. Para eles, essa parte do corpo é sinônimo de sujeira e desleixo, uma verdadeira fonte de arrepios e caretas. Não é raro ouvir alguém dizendo que prefere manter uma distância segura de qualquer par de pés, sejam eles bem cuidados ou não. Mas, curiosamente, há quem acredite que um pé bem cuidado é um reflexo da personalidade da pessoa - um sinal de capricho e atenção aos detalhes. Para esses observadores atentos, um pé bem-feito não é apenas uma questão de estética, mas um indicativo de que a pessoa é meticulosa e dedicada em todas as áreas da vida. Assim, no grande espetáculo dos pés, encontramos todo tipo de público: os admiradores, os indiferentes e os que preferem manter os pés, bem, longe do alcance da vista.
É interessante notar que, no vasto universo dos podólatras, muitos se identificam como homens gays, encontrando nos pés masculinos um objeto de admiração e desejo. Essa preferência revela a diversidade e a riqueza das expressões de fetiche e atração. Contudo, é importante destacar que a paixão por pés não conhece fronteiras de orientação sexual ou identidade de gênero. Há também um número significativo de homens cisgêneros héteros que se encantam profundamente pelos pés femininos. Para estes, a atração é tão intensa que não hesitariam em ficar de quatro diante de um par de pés femininos que lhes chamasse a atenção (o chulezinho da gata). Essa diversidade nas preferências e comportamentos reflete a rica tapeçaria de desejos e inclinações humanas, onde cada um encontra sua própria forma de expressar admiração e desejo.
Se você, como eu, tem um radar ligado para pés, ou se acha essa paixão um tanto quanto bizarra, que tal um momento de reflexão? Imagine um mundo onde, em vez de olhar nos olhos, a gente desse uma espiadinha nos pés para dizer um 'oi'. Troca de olhares? Que nada, seria troca de... cheiros de pés? E se, em aplicativos de paquera, ao invés de selfies, trocássemos fotos dos pés? [Risos]. Ah, os pés, esses heróis não reconhecidos que nos levam para todos os lugares, mas raramente ganham um carinho. E você, já olhou para os seus pés hoje e agradeceu por eles te aguentarem o dia todo? Ou ainda, já pensou em quantas histórias os pés alheios poderiam contar se tivessem voz? Engraçado como algo tão comum pode se tornar um universo de descobertas e paixões. No fim das contas, seja lá qual for sua predileção, lembre-se: na dança da vida, são os pés que nos levam a explorar novos caminhos e descobertas. E o importante é andar com os pés no chão, mas sempre preparado para pôr o pé-na-jaca.
■ Por Richard Günter
Jornalista, pós-graduado em roteiro audiovisual e graduando de cinema
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