| Opinião
★★★★☆
Referência de transmissão de folhetim turco, agora a emissora estreou um produto português. Ouro Verde é a nova sensação da Band e dos fanáticos por folhetim. A obra é tão grandiosa que em 2018 desbancou no Emmy Internacional (Premiação mundial de tv) duas novelas turcas e uma mexicana, da qual a Rede Globo não teve finalista. O ritmo da história tem sido comparado com Avenida Brasil, por ser ágil, intensa e cheia de revelações que vão surgindo a cada capítulo.
A novela da autora portuguesa Maria João Costa conta uma história de vingança. Zé Maria (Diogo Morgado) vê sua família ser assassinada a mando de Miguel (Luís Esparteiro), um poderoso empresário português. O protagonista resolve fugir para o Brasil, onde constrói um império e se torna Jorge Monforte. Anos mais tarde volta à Portugal e conquista um cargo no restrito conselho de administração da empresa de Miguel, com o plano de acabar com ele. Mas ele terá um empecilho: a paixão por Bia (Joana de Verona), filha de seu arqui-inimigo.
Sem dúvida, é um novelão. No estilo clássico, baseado no bom e velho O Conde de Monte Cristo. No entanto, a roupagem muito bem delineada e a forma como ela conduz o texto, faz de Ouro Verde uma impecável obra folhetinesca contemporânea.
Além da história bem amarrada, ganhamos de bônus a interpretação de alguns atores brasileiros que estrelam a trama, como Zezé Motta, Silvia Pfeifer e Gracindo Junior. Temos diversas cenas gravadas no Rio de Janeiro e no Amazonas. Na trilha sonora há canções nacionais como Boa Sorte da Vanessa da Matta e Velha Infância dos Tribalhistas. Já a abertura original foi descartada e refeita pela Band, com a voz de Daniel.
Fiquei decepcionado ao ver a abertura. Uma montagem de péssimo gosto que parece ter sido feita por alguém com pouca experiência e/ou sensibilidade. Tá mais pra chamada de elenco do que para abertura. As edições dos capítulos não comportam os excelentes ganchos construídos pela autora, que na sua versão original impactavam o telespectador e aguçavam a curiosidade para que fidelizasse a sua participação na frente da tv no mesmo horário marcado.
O horário de transmissão é bom, compete apenas com o final da novela das Sete da Globo e com o Jornal Nacional. Mas infelizmente, nas mãos da Band a novela não recebe esmero na sua condução. Se a Globo tivesse feito parceria ou comprado os direitos e disponibilizado no Globoplay, seria muito mais jogo, tanto para a TVI, para a Plimplim e para nós consumidores. Até na Netflix seria interessante.
Muito tem se falado da dublagem, mas realmente não me incomoda, já que tenho costume de assistir as versões mexicanas transmitidas pelo SBT. Confesso que prefiro ouvir dublado, pois os portugueses falam um pouco mais rápido e as palavras soam diferentes. Tentei assistir os primeiros capítulos na língua nativa, mas senti a necessidade de pausar e voltar pra compreender uma frase que pode ser MUITO importante na continuidade da história.
A autora é muito sagaz, ela promove uma trama com alma de série, mas com cara de novela. Ela é jovem, novata na área, mas diga-se de passagem: uma novelista de mãos cheias, que tem tudo para se tornar referência e se consagrar como a dama da telenovela contemporânea portuguesa.
Pra quem não sabe, Maria João Costa é formada em direito, tem experiência com jornalismo e morou por alguns anos no Brasil a estudo. E foi aí que a paixão pelo nosso país se instalou. Sua vontade de escrever novela surgiu após um desafio de uma amiga, que trabalhava numa emissora de tv portuguesa, da qual estava cansada da mesmice das narrativas televisivas. Aí surgiu uma pulguinha atrás da orelha e acabou construindo o argumento de uma novela, que nunca foi realizada, mas acabou se tornando sua chave de acesso ao mundo do entretenimento.
Algum tempo depois, o diretor de programação da TVI comentou que queria uma novela que se passasse no Brasil e em Portugal. Maria enxergou sua grande oportunidade nesse desejo dele. E ela tinha todos os atributos para escrever uma história que fosse ambientada no Brasil.
Sem contar que, numa entrevista que assisti, ela fala que cresceu assistindo as novelas brasileiras.
Num geral, Ouro Verde é uma trama que cria muita empatia com o público. Quem começa assistir, não quer parar. Juro. Vale muito a pena, porque a novela nos leva a refletir sobre aquilo que queremos para nossa vida. É tocante, tem um grande apelo emocional. Fala muito da valorização das relações afetivas.
Ouro Verde foi a estreia da autora que tem em seu currículo apenas duas obras. A segunda novela, chamada Valor da Vida, que teve audiência semelhante em Portugal, é a nova promessa da TVI para levar pra casa mais um Emmy. E quem sabe a Band também não transmite por aqui?
Obs.:
★★★☆☆ para a Band.
★★★★★ para Maria João Costa.
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